quarta-feira, 19 de março de 2014

Miguel Strogoff, de Júlio Verne

Há alguns tempos que queria ler este livro. Foi com muita alegria que o encontrei na biblioteca.

Este é o terceiro livro de Júlio Verne que leio. Li A Volta ao Mundo em 80 Dias e Da Terra à Lua, e agora, Miguel Strogoff. Habituada ao carácter científico das obras de este autor, foi com grande entusiasmo que me debrucei sobre uma história diferente, sem teor científico, por assim dizer. Apesar de ter gostado bastante dos anteriores, este supera-os, a meu ver. Cada qual tem a sua beleza e era impossível não reconhecer a escrita do autor. Verne tem uma escrita própria, sublime, com leves ironias e pensamentos ao longo da narrativa que fazem como que a leitura seja bastante agradável. Pois bem, Miguel Strogoff é assim.

É um livro de aventuras e nisso está na mesma ordem dos que li anteriormente, deste autor. Passa-se na Rússia, tendo como cenários principais as estepes da Sibéria e as suas cidades. Passado no século XIX, tem um ambiente fantástico, por um lado, cheio de glamour e de beleza, e por outro, de perigos e sacrifícios.

Miguel Strogoff é o correio do Czar Alexandre II, que se vê na incumbência de entregar uma carta ao irmão do Czar, o grão-duque, que se encontra na Sibéria, na cidade de Irkutsk. Depois dos postes e cabos do telegrafo terem sidos destruídos pelos invasores tártaros, comandados no seu âmago pelo traidor russo Ivan Ogareff, e pelo emir Féofar-Cã, e com o conhecimento de um plano malvado de Ivan contra o seu irmão, o Czar vê-se obrigado a enviar o seu melhor correio nesta perigosa e difícil missão. Renunciando à sua identidade e aos seus laços familiares (a sua mãe estava em Omsk, cidade no caminho de Irkutsk), Miguel vê-se com uma nova identidade (Nicolau Korpanoff, negociante/comerciante), obrigado a não se dar a reconhecer, nem a sua mãe, e chegar o mais depressa possível ao seu destino, entregando a missiva ao grão-duque. Assim é dado o mote para uma fantástica, perigosa e desenfreada viagem por meio de vários obstáculos e dificuldades. Pelo caminho, Miguel vai encontrando companheiros que o ajudam no percurso, tentando sempre manter a sua nova identidade. Encontra, nomeadamente, uma jovem rapariga de nome Nadia Orlik, que se torna numa poderosa ajudante.

Existem várias outras personagens fantásticas. Gostei muito de Miguel e de Nadia, pela sua força e perseverança, mas também gostei muito dos dois jornalistas, Harry Blount e Alcide Jolivet. A relação entre ambos, inglês e francês, vai-se tornando cada vez mais próxima à medida que progridem nas suas tarefas jornalísticas e isso é muito interessante de ser observado. Quando a rivalidade parece ser total, Alcide vê-se com um novo acontecimento que faz com que Harry o veja de outra forma e vice-versa.

No fundo, existem várias viagens ao longo da história: a de Miguel, a de Nadia, a dos dois jornalistas, a da mãe de Miguel (Marfa Strogoff), a de Ivan, a de Nicolau (outro companheiro de viagem), as das tropas. É um romance de viagens e aventuras, o que possibilita inúmeros enredos e peripécias. É bastante interessante observar estas diversas viagens e como é que elas se conjugam no global da história. Também é interessante observar o desenvolvimento das personagens e das relações entre elas, pois há uma evolução bastante grande. É bom quando tal acontece. Não são personagens estanque, mas sim personagens com carácter, com força e atitude. Muito bom!

Já referi a escrita de Júlio Verne. Tais características são uma jóia. As exclamações, a emoção, o ênfase que o autor destaca em determinados momentos é precioso para o acompanhamento das aventuras, uma vez que lhes dá relevo. Parece que se está mesmo lá, a viver as aventuras que estão a decorrer. Parece que estamos com as personagens. Tal é bastante agradável.

O autor também se preocupa em explorar e explicitar alguns aspetos ao longo da obra. Várias são as descrições e referências às paisagens, aos costumes, aos preceitos, às culturas das várias comunidades que vão aparecendo ao longo da narrativa. Sendo aquele um mundo que pode parecer diferente, por não se lhe conhecer os costumes e a cultura, nomeadamente naquela época, o autor promove também uma viagem pela cultura das diferentes comunidades presentes ao longo da história. É como que um guia. Existem inúmeras referências geográficas e culturais, criando alicerces para o leitor compreender e sentir o que está a ler, de modo a adaptar-se às realidades presentes na obra.

Em suma, mais um excelente livro do autor! Este, para mim, ainda é melhor, porque tem uma história mais extensa, que permite uma maior aproximação às personagens (apesar de histórias curtas terem, por vezes, o mesmo efeito). Acho que senti uma maior empatia pelas personagens do livro, é isso! Gostei muito das personagens e estive o tempo todo a torcer pelo sucesso da missão de Miguel e fiquei bastante preocupada por diversas vezes, devido a alguns dos obstáculos que se lhe depararam. Também gostei da mensagem de perseverança e coragem presente na obra.

Recomendo a todos!!!

NOTA (0 a 10): 10

8 comentários:

  1. Viva,

    Bem mais um excelente comentário e só prova que ando a perder a leitura de livros excelentes e são vários os que tenho na estante para ler, incluindo *A Volta ao Mundo em 80 Dias* mas pelo que leio do teu comentário este livro é mesmo muito bom, passado na Sibéria e com uma personagem fantástica, tenho que ver se encontro na feira do livro sem duvida ;)

    Muito bem, convencido :D

    Bjs e boas leituras

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    1. Viva Fiacha!

      Obrigada =)
      Pois andas, tens de começar a ler este autor. A Volta ao Mundo em 80 Dias também é fixe. É mais pequeno e não tem tanta intriga. Gostei mais deste! Tem tudo o que gosto num livro. O Miguel Strogoff é uma excelente personagens! É um exemplo a seguir. E as paisagens são muito bonitas. Também gostei muito dos jornalistas, sempre com humor =D
      Se encontrares a um bom preço, compra =D

      Excelente =D fico feliz!

      Bjs e boas leituras!

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  2. Tem imensas saudades de Verne. Lia-o na adolescência e adorava. Strogof escapou-me mas, estou em busca de uma edição " mais bonita". É um argumento fútil porém, gosto de os ter na estante ;)

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    1. Olá Jojo,

      a Bertrand anda a publicar as edições de Verne em bolso. Tenho a Volta ao Mundo em 80 Dias, Da Terra à Lua (lidos) e As Vinte Mil Léguas Submarinas (para ler). Se sair o Miguel Strogoff assim, compro. Eu também gosto das edições mais bonitas e às vezes fico à espera. Mas este nunca mais encontrava e havia na biblioteca, por isso veio comigo =D
      Também gosto de ter na estante =)

      Bjs e boas leituras!

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  3. Olá, desculpe a demora em comentar. Gostei muito da tua opinião, ainda não li nada do Júlio Verne e este com certeza vai para a minha lista. Bjos e excelentes leituras!

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    1. Olá =)

      Muito obrigada! É um excelente autor. Cada vez gosto mais das suas obras.

      Bjs, obrigada e excelentes leituras também!

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  4. Fica o blog para ser visitado: www.jvernept.blogspot.com

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